VIVER POR ENTRE BRUMAS
Meu entendimento é leve
E macio como as plumas
Saber que alguém s´ atreve
A viver por entre brumas.
Estar lá sem nenhum pejo
Só se for por tempo breve
Maior razão não desejo
Meu entendimento é leve.
Quem nelas sempre demora
Não tem vantagens nenhumas
Vive por dentro cá fora
E macio como as plumas.
E mesmo despassarado
Nalguma paixão que teve
Não vislumbro em nenhum lado
Saber que alguém s’ atreve.
Ficar a leste é um direito
De puras e doutas sumas
Mas acho ser um defeito
O viver por entre brumas.
Minha amiga, por quem és,
Não me julgues presunçoso
Nada tendo de burguês
Faço por ser cuidadoso.
Assim, se está nevoeiro,
Não q´ rendo ser Sebastião,
Faço da alma um luzeiro
P´ ra dar alma aos sem razão!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA