Pastiche

De cais matutino – ribeiro couto

ZB

MARCADO DA VIDA, MARCADO DA MORTE

SAÍ PELA ESTRADA FEROZ DA EXISTÊNCIA

SEM ENCONTRAR SAÍDA, SEM LENIÊNCIA,

AO LONGE, eis q VI - caminho do Norte.

ERGUIa-se NO MONTE, amplo Cruzeiro -

Mas A SENDA , QUE A ELE LEVAVA

DESGUIAVA EM RAMPA Q' AO INFERNO DAVA,

OU SEGUIA ESTRADA ... DO CEMITÉRIO VIA

ONDE apenas O TRÁFEGO ERA tudo Q IA.

CORTEJOS FÚNEBRES SEMPRE SEGUIMOS,

POR MAIS Q' A ELES SEJAMOS ESQUIVOS,

ATRÁS TROPEÇAmOS, caímos SEM GLÓRIA

OU CARREGADOS à FRENTE

tornamos SEMENTE.

Ribeiro Couto

Mercado do peixe , mercado da aurora :

Cantigas, apelos, pregões e risadas

À proa dos barcos que chegam de fora .

Cordames e redes dormindo no fundo ;

À popa estendidos, as velas molhadas ;

Foi noite de chuva dos mares do mundo .

Pureza do largo , pureza da aurora ,

Há viscos de sangue no solo da feira ,

Se eu tivesse um barco partiria agora .

O longe que aspiro no vento salgado

Tem gosto de um corpo que cintila e chora

Para mim sozinho, num mar ignorado .

Zulcy Borges e Ribeiro Couto
Enviado por Zulcy Borges em 10/08/2012
Reeditado em 10/09/2012
Código do texto: T3823004
Classificação de conteúdo: seguro