PhD Sargentão ("Philosophiae Doctor")

Por favor, dona doutora

Não descarte Descartes

Nem passe por cima da

Razão com essa sua

Crua irracionalidade.

Não só, não preciso nem

Careço do avesso de

Sua vida. Esse suspense

Para sempre vociferante

Discurso treta, dissonante.

Vc tão sistemática

Com esse seu grelo

Tamanho universal

Como uma sombra

Vestida de carnaval.

Teu olhar medonho

Tua voz de salto alto

Como se um demônio

Prisioneiro do sapato

A repetir “nunca mais”.

Há muito dissestes

Adeus ao carinho

Ao afeto. Moras

Na habitação fria

Confins do universo.

Onde falta sentimento

Abundância de incesto

Em ira se doutorou e

Ainda se orgulha desse

Desse título de doutor.

Tua noite profunda

Afunda-se em pesares

Desiguais. Teu DNA

Essa libido maldita

Atrai teus ancestrais.

Tecida no tecido do

Sertão, tua calcinha

Mais parece cuecão

Sem graça feminil

Bate-bate coração.

Pelo olho mágico do

Desejo, tão aflita e

Mais aflita te vejo

Pândega vítima desses

Medos. Ancestrais.

A habitar teorias

Voas sobre umbrais

Como o corvo de

Poe ouço vc repetir

Do fundo do ID o

Eco: “Nunca!

Nunca mais!”.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 29/03/2012
Reeditado em 08/05/2012
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