PhD Sargentão ("Philosophiae Doctor")
Por favor, dona doutora
Não descarte Descartes
Nem passe por cima da
Razão com essa sua
Crua irracionalidade.
Não só, não preciso nem
Careço do avesso de
Sua vida. Esse suspense
Para sempre vociferante
Discurso treta, dissonante.
Vc tão sistemática
Com esse seu grelo
Tamanho universal
Como uma sombra
Vestida de carnaval.
Teu olhar medonho
Tua voz de salto alto
Como se um demônio
Prisioneiro do sapato
A repetir “nunca mais”.
Há muito dissestes
Adeus ao carinho
Ao afeto. Moras
Na habitação fria
Confins do universo.
Onde falta sentimento
Abundância de incesto
Em ira se doutorou e
Ainda se orgulha desse
Desse título de doutor.
Tua noite profunda
Afunda-se em pesares
Desiguais. Teu DNA
Essa libido maldita
Atrai teus ancestrais.
Tecida no tecido do
Sertão, tua calcinha
Mais parece cuecão
Sem graça feminil
Bate-bate coração.
Pelo olho mágico do
Desejo, tão aflita e
Mais aflita te vejo
Pândega vítima desses
Medos. Ancestrais.
A habitar teorias
Voas sobre umbrais
Como o corvo de
Poe ouço vc repetir
Do fundo do ID o
Eco: “Nunca!
Nunca mais!”.