Vinho e poesia
“Poesias e vinhos nas canções
são misturas perfeitas, permanentes.”
(Rosa Lia Dinelli)
Aprendi muito cedo essas lições
que hoje trago no fundo do meu ser
como fossem difíceis de esquecer:
poesias e vinhos nas canções
se misturam e, nas variações
que se fazem, demonstram, tão somente,
o mistério que envolve muita gente
e nos leva a pensar um pouco mais,
pois receitas de vinhos são reais,
são misturas perfeitas, permanentes.
E, se vamos cantar os tempos bons
sem demais nos deter nos que é ruim,
vamos, pois, misturar, do início ao fim,
poesias e vinhos nas canções
na dosagem que prende os corações
e liberta o pensar, liberta a mente.
A receita é bem simples. Diferente
é o seu praticar, o seu “know how”.
É preciso saber que o bem e o mal
são misturas perfeitas, permanentes.
Quando o mal predomina, os corações,
como pedras perenes, não têm cor,
não conseguem sentir - nem dão valor -
poesias e vinhos nas canções.
Como pedras, se quebram. Explosões
fazem todo o seu ser inconseqüente
acabar como pó. Um pó somente.
E não mais recupera seu verdor.
Já não sabem também que amor e dor
são misturas perfeitas, permanentes.
Quando o bem prevalece, as atenções
de repente se voltam para o céu
e derramam nas folhas de papel
poesias e vinhos nas canções.
Vinho branco na pauta, em semitons;
vinho tinto em uma harmonia quente;
um rosé num poema é excelente.
E, se é doce ou suave, é bom saber
que as canções, no meu modo de entender,
são misturas perfeitas, permanentes,
são misturas repletas de ilusões
que nos traz um bom vinho. Seu sabor
ao poeta é perfeito, é tentador.
Poesias e vinhos nas canções
nos libertam da dor, das aflições,
e nos fazem seguir, olhando à frente
e não mais retornar ao deprimente
e cruel desamor. E digo mais:
poesias e vinhos dão mais paz,
são misturas perfeitas, permanentes.