O TEMPO.
(Será publicado no final do livro 48 horas!)
O TEMPO.
Engraçado; quando crianças, não costumamos prestar atenção no Tempo. Parece-nos até mesmo que o Tempo não existe, de tanto que ele se alargava em nossas brincadeiras, nos nossos olhinhos vidrados nos desenhos da televisão, ou quando não tínhamos a preocupação com coisa alguma, ou somente brincar, ou somente nada, ficarmos quietos em meio a tanta inquietude. Pois enquanto éramos crianças ele nos era infinito em tudo que fazíamos, nas brincadeiras com os amigos, no vai e vem do balanço... Éramos mal acostumados pelo Tempo, mimados pelo presente, e ignorávamos o futuro. O passado, e o passado? Nem existia!
Então somos jogados na vida adulta, e na meia idade. Muito crianças ainda; sim, pois não é a idade que mata a criança que todos nós somos, mas sim o terrível medo da morte.
É o terrível medo da morte que nos faz virar os olhos pela busca incessante de bens materiais, por dinheiro, por status, por garantias. É o medo da morte que nos torna velhos.
Mas o Tempo também é criança, e constantemente brinca com todos nós.
Ele nos faz retornar aos tempos de infância, através de nossa saudade. Pois somos presenteados com o passado, quê não tínhamos na infância. Vencendo o medo da morte, podemos agora nos dedicar ao doce encanto da memória. Podemos agora relembrar...
E também somos presenteados com nossos filhos. E, surpresa! Ao deixarmos de lado a ganância, voltamos a ser crianças, agora amigos de nossas crianças. E o Tempo se alarga! Pois agora não temos pressa alguma quando olhamos nos olhos brilhantes deles, naqueles lindos sorrisos, que iluminam tudo que fizemos na vida. Agora podemos brincar novamente. A vida fica mais leve; e tudo graças ao Tempo, criança marota!
FIM.