O ócio criativo - trechos escolhidos

DE MASI, Domenico. O ócio criativo. Entrevista a Maria Serena Palieri. Tradução de: Ozio Creativo. Traduzido por: Léa Manzi. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.

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p.148: A plenitude da atividade humana é alcançada somente quando nela coincidem, se acumulam, se exaltam e se mesclam o trabalho, o estudo e o jogo; isto é, quando nós trabalhamos, aprendemos e nos divertimos, tudo ao mesmo tempo.

p.187: Uma parte do nosso tempo livre deve ser dedicada a nós mesmos, ao cuidado com o nosso corpo e com a nossa mente. Uma outra parte deve ser dedicada à família e aos amigos. Devemos dedicar uma terceira parte à coletividade, contribuindo para a sua organização civil e política. Cada cidadão deve dosar estas três partes em medidas adequadas, de acordo com a sua vocação pessoal e a sua situação concreta.

p.199: Na sociedade pós-industrial, as máquinas trabalharão, e os seres humanos terão sempre mais tempo para refletir e "bolar", idear. Mas só quem é capaz de idear, ou seja, inventar e patentear a idéia antes dos outros, adquirirá o direito de receber ROYALTIES.

p.235: O ócio é necessário à produção de idéias, e as idéias são necessárias ao desenvolvimento da sociedade. Do mesmo modo que dedicamos tanto tempo e tanta atenção para educar os jovens para trabalhar, precisamos dedicar as mesmas coisas e em igual medida para educá-los ao ócio.

p.235: Existe um ócio dissipador, alienante, que faz com que nos sintamos vazios, inúteis, nos faz afundar no tédio e nos subestimar. Existe um ócio que nos depaupera e outro que nos enriquece. O ócio que enriquece é o que é alimentado por estímulos ideativos e pela interdisciplinaridade.

p.256: O tédio abordado pelos existencialistas é sobretudo uma falta de sentido. Uma falta e uma busca de sentido, que nascem, justamente, do excesso de tempo disponível e da inexistência de compromissos que sirvam para preenchê-lo. Como quando estamos carentes de alguma coisa fundamental que possa servir de âncora para a nossa existência, ou como quando não compartilhamos objetivos para os quais possamos canalizar as nossas energias mais positivas.

p.295: O que mais ainda é necessário ensinar aos jovens da sociedade pós-industrial? Não tanto as novidades já existentes, que logo logo se tornarão obsoletas, mas sobretudo os métodos para aprender a infinidade de coisas novas que estão por vir. De modo que, qualquer que seja a novidade que surja, os jovens estarão em condições de assimilá-las com segurança.

p.331: Para Platão, as principais matérias a serem ensinadas aos jovens eram sobretudo ginástica, que harmoniza o corpo, e música, que harmoniza o espírito.

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GAARDER, Jostein. "O mundo de Sofia: romance da história da filosofia". 35. reimpr. São Paulo: Cia. das Letras, 1999.

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Platão já dizia: O homem só é feliz se puder desenvolver e utilizar todas as suas capacidades e possibilidades.

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Com a leitura desta obra, "O ócio criativo", de Domenico di Masi, vi escritas pelas mãos de outra pessoa (no caso, um respeitadíssimo sociólogo) muitas idéias que já me instigavam. Para mim, de fato, a célebre frase de Di Masi "A plenitude da atividade humana é alcançada somente quando nela coincidem, se acumulam, se exaltam e se mesclam o trabalho, o estudo e o jogo; isto é, quando nós trabalhamos, aprendemos e nos divertimos, tudo ao mesmo tempo." representa o modo como conduzo minha própria vida. Sou apaixonada pelo conhecimento. Aprender, para mim, é maravilhoso. E quando há remuneração para essa tarefa de aprender - e aplicar - o conhecimento que obtive, então isso não é trabalho; é pura diversão! :-)

09/12/2007