N O I T E N O F A R O L
N O I T E
N O
F A R O L
Na orla escura onde a terra se finda,
Um gigante de pedra a noite infinda.
Farol altivo, sentinela constante,
Contra o negrume, um olhar hesitante.
Seu cíclope de luz, em giro lento,
Rasga o véu denso, num firmamento
De breu profundo, onde a onda bravia
Contra os rochedos sua fúria envia.
No seu interior, calor e sossego,
Um guardião atento, seu único emprego.
O tic-tac do tempo, a brisa que assobia,
Companheiros noturnos, em melancolia.
Lá fora, o mar imenso se agita e geme,
Navios distantes, buscando seu leme.
A luz amiga, esperança que acena,
Guiando as embarcações em noite serena.
Mas há também mistério na sombra que paira,
Nas lendas antigas que o vento nos traira.
De espectros marinhos e almas perdidas,
Que na escuridão encontram guaridas.
E o farol, impassível, sua ronda prossegue,
Testemunha silente do que o mar entrega.
Na solidão da noite, sua luz persiste,
Um farol de esperança, enquanto a noite existe.