A TÉCNICA E SUAS FILIGRANAS
O advento das inteligências artificiais generativas evidencia, de forma inquestionável, que a verdadeira essência da escrita não se esgota na mera obediência aos ditames técnicos. Ela repousa, sobretudo, na construção de um estilo, na lapidação da linguagem, nas nuances de um pensamento meticulosamente trabalhado. Em um cenário onde textos são produzidos aos milhares em questão de segundos, torna-se cada vez mais urgente que o escritor compreenda a forma em sua profundidade, como quem desvenda os contornos de uma escultura. É na singularidade de sua expressão, na autenticidade de sua voz, que ele se sobressai, mesmo cercado por um mar de palavras fabricadas em série. A autenticidade transcende o rigor técnico; reside na capacidade de transformar a experiência humana em algo que reverbera. E, para que isso aconteça, são necessárias brechas, rachaduras, imperfeições por onde a luz possa entrar — com a devida licença poética de Matilde Campilho.
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