Cômodo de histórias
As vezes acho que sou um cômodo. Algumas pessoas chegam, se acomodam, e depois saem. Alguns saem contra minha vontade, e as vezes eu os expulso. As vezes mesmo que eu tente expulsa-los, eles permanecem.
As palavras ecoam dentro de mim, e algumas ficam tatuadas em minhas paredes. Algumas palavras ferem e deterioram minhas estruturas, me deixando um cômodo não tão agradável quanto antes.
E eu queria ser um cômodo cheio e decorado, um cômodo assinado com palavras de amor, um cômodo mobiliado. Mas pra isso eu teria que ser eu, e essa foi a única pessoa que saiu de mim sem que eu percebesse.
Eu não queria ser um cômodo onde vozes ecoam. Até porque vozes só ecoam em lugares vazios.