Sobre a sabedoria e humildade que engrandecem

Marco Aurélio (121-180), nascido Marco Ânio Catílio Severo foi imperador romano desde 161 até sua morte.

Ele inicia suas “Meditações” prestando homenagens às pessoas que foram importantes na formação de seu caráter.

Eis alguma delas:

1. Aprendi com meu avô Verus: o bom caráter e a serenidade.

2. Da reputação e memória legadas por meu pai: o caráter discreto e viril.

3. De minha mãe: o respeito aos deuses, a generosidade e a abstenção não somente do agir mal, como também de incorrer em semelhante pensamento; mais ainda, a frugalidade no regime de vida e o distanciamento do modo de viver próprio dos ricos.

4. Do meu bisavô: o não haver frequentado as escolas públicas e ter desfrutado de bons mestres em casa, e ter compreendido que, para tais fins, é preciso gastar com generosidade.

(Nesse parágrafo fica evidente a importância que ele dava ao Conhecimento)

5. Do meu preceptor: o não ter pertencido à facção nem dos Verdes, nem dos Azuis, nem partidário dos Grandes-Escudos, nem dos Pequenos-Escudos; o suportar as fatigas e ter poucas necessidades; o trabalho com esforço pessoal e a abstenção de excessivas tarefas, e a desfavorável acolhida à calúnia.

E mais adiante:

14. De “meu irmão” Severo: o amor à família, à verdade e à justiça; o ter conhecido, graças a ele, a Tráseas, Helvídio, Catão, Dião, Bruto; o ter concebido a idéia de uma constituição baseada na igualdade ante a lei, regida pela equidade e pela liberdade de expressão igual para todos, e de uma realeza que honra e respeita, acima de tudo, a liberdade de seus súditos. Dele também: a uniformidade e constante aplicação a serviço da filosofia; a beneficência e generosidade constante; o otimismo e a confiança na amizade dos amigos; nenhuma dissimulação para com os que mereciam sua censura; o não requerer que seus amigos conjecturassem sobre o que queriam ou o que não queriam, pois estava claro.

Apesar na distância no tempo e da proximidade com as guerras daquela época que exigia que os homens fossem rudes por questão de sobrevivência, nessas poucas palavras o Imperador Marco Aurélio mostra uma grandeza que contrasta com a pequenez dos governantes atuais, com seu apego ao luxo e às mentiras e orgulhosos de sua ignorância.