A ARTE
[...] A vitória da forma sobre a matéria, celebrada pela matéria mesma elevada a um esplendor translúcido e harmonioso, é o que denominamos arte; e isto não se consegue a esmo, pelo simples jogo dos instintos e caprichos de uma mente autolátrica e teimosamente cega; mas consegue-se pela inteligência, pela intencionalidade aplicada, pelo conhecimento dos nexos analógicos que permitem um diálogo entre a forma intencionada e a matéria que lhe resiste, e depois lhe cede, e depois com ela se funde com tal felicidade que nos parece jamais terem estado separadas. Isto é a arte: fixação viva de um saber num objeto que, mais que o expressar, o é.
Trecho de Requisitos da Expressão Literária, Olavo de Carvalho