Vivo de ineditismos, por isto sempre acreditei no amanhã.
Vivo de ineditismos, por isto sempre acreditei no amanhã.
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Sou 70% água, 30% terra e 100% emoção, por isso às vezes me evaporo para habitar nuvens, depois renasço e frutifico, e tantas vezes a chuva me salga os olhos.
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Disseste que o detalhe geográfico impede o nosso amor, mas neste ponto discordo de ti. A distância separa, por enquanto, apenas os nossos corpos físicos. E preciso te confessar: na escola sempre fui reprovado em matéria de Geografia por não entender de distâncias.
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A aparente segurança adquirida nos relacionamentos amorosos acomete muitos homens de um comodismo e de uma fleuma crônica que os desumanizam, deixando-os, aos poucos, automaticamente frios e incapazes de um mínimo gesto de carinho. Eis um dos grandes motivos das separações.
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Quem vive mendigando carinho recebe
— como doação — falsos afetos
disfarçados em meios abraços.
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Se arrependimento matasse
— e não mata, isto é certo,
há muito eu estaria morto
e este mundo seria um deserto.
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Assim como as vitórias nos dão confiança para prosseguir,
as derrotas nos preparam para os mistérios de cada amanhã.
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Pior do que a cegueira que aos poucos nos dificulta definir a nitidez das coisas, é não ter aprendido a admirar a beleza da vida enquanto podíamos.
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Engana-se quem pensa que a morte é traiçoeira, inimiga que nos espreita e nos leva de repente. Ela é de todas a mais fiel companheira, que nasce, convive e vai embora com a gente.
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As águas de um rio passam uma única vez pelo mesmo lugar,
mas você é um rio de águas cristalinas que todos os dias
passam para banhar o meu corpo e saciar a sede da minha alma.
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O meu porto está vazio
e o meu mar está morto,
sem você, que era o o meu navio,
sem você, que era o meu porto.
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Tão estranho estou me sentindo...
No meio de tudo e deslocado:
como quem não está dormindo
e também não está acordado.
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Se "o que importa é a beleza interior",
pensando nisso, eu pergunto agora:
e aqueles que são feios por dentro
e que também são feios por fora?
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Pedi a São Paulo que me indicasse o melhor caminho e ele me disse que seguindo em frente encontrarei um Belo Horizonte e uma Nova Era em minha vida.
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A adoção deve ser um processo de acolhimento baseado no amor e no respeito, trazendo alegria a todos da nova família constituída, e não um peso para quem acolheu, nem um castigo para quem foi acolhido (do livro O indiozinho que se apagava, Editora Coralina, 2019).
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O casamento é como um seriado cinematográfico de curta ou de longa metragem, com vários episódios, onde há dois atores principais. A partir de quando um ator quer ser melhor e tenta ofuscar o papel do outro, aquele episódio vai perdendo a graça até se encerrar o seriado e o seu parceiro sair de cena para estrelar outras histórias para as quais sem dúvida será convidado. Então o outro ator, se ainda for convidado, será quando muito como coadjuvante ou figurante em papéis pífios e duvidosos nos filmes de última classe.
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Não deixe que a vítima de assassinato olhe nos seus olhos, para evitar que na hora do julgamento ela o reconheça. Assim, será apenas a Palavra de Deus contra a sua consciência.
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O amor e a humildade são capazes de não nos deixar fazer amizade com a intolerância e a prepotência, e também de nos libertar desta nociva intimidade.
A pessoa que é humilde e que ama sabe ouvir e respeitar a vontade da outra, e assim se colocar no seu lugar, se afastando de onde não é bem-vinda, e sem rancor voltar para onde estava ou seguir um caminho diferente.
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Morre um pouco de nós em cada ser que morre. E não é somente de tristeza que choramos diante de um corpo inerte e frio; choramos, sobretudo, de egoísmo por ficarmos órfãos do sopro de vida que habitava em nós através daquele corpo.
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Desde o início dos tempos nos preocupamos em silenciar os que consideramos loucos, matando-os, dopando-os, segregando-os do resto da sociedade, por medo de ouvir as verdades que nos incriminam e que só eles têm coragem de dizer.
Remisson Aniceto
(Nova Era-MG)