A PASTORA - 7

Parada em frente ao carrinho de sorvete, ela fez o pedido, e Benjamim, que estava apenas a alguns passos, ouviu sua voz, e não teve dúvidas: essa era a sua grande oportunidade.

Quando ela ia pagar, ele se apressou, com passos rápidos, e passou à sua frente.

-- Deixe que eu pago – disse com segurança, decidido, sorrindo para ela.

Pega de surpresa, ela não teve ideia de recusar. Aceitando a gentileza, retribuiu com um sorriso.

-- Oh!... Obrigada!

-- Foi um prazer.

O jeito como ela o olhava era como se estivessem juntos há muito tempo. Mas para tirar qualquer dúvida, Benjamim perguntou:

-- Lembra-se de mim, não é?

-- Claro que me lembro – disse ainda sorrindo. – Você estudava na mesma escola que eu. Como poderia esquecer?

Isso foi ótimo! – como poderia esquecer?

Naquele tempo ele era apenas um pirralho, um menino qualquer. Ela nem olhava para ele.

-- Eu tenho que ir – ela disse enquanto trocava de mão o sorvete, meio sem jeito, estendendo a direita para apertar a dele. – Mais uma vez obrigada!

Ele apertou a mão de Elizabete com cuidado e gentileza, sentindo o quanto os seus dedos eram finos e delicados.

Ficaram ali, perto um do outro, por apenas alguns segundos. E logo que ela agradeceu pela segunda vez, foi embora, andando pela rua, tomando o sorvete. Mas Benjamim ficou feliz, quando, parado, ainda em pé no mesmo lugar, viu, a uma distância de uns vinte metros, ela se virar e olhar para ele. Foi o suficiente para saber: ela gostava dele. Se não, não teria se virado e olhado.

Isidio
Enviado por Isidio em 02/10/2020
Código do texto: T7077637
Classificação de conteúdo: seguro