A PASTORA - 6

Benjamim dobrou à direita e seguiu por uma via que mal cabia o ônibus. Somente ele passava por ali. Não era propriamente uma estrada. Os arbustos de um lado e do outro roçavam nas laterais do ônibus. O caminho, atapetado de capim e mato rasteiro, impedia que os pneus atolassem. Era como se estivesse rodando sobre uma pista pavimentada. Um trecho de aproximadamente 300 metros.

No final – quase toda coberta por árvores – encontrava-se a cabana de Benjamim. Dele e de Elizabete. Ele havia comprado depois que tudo acontecera, mas sempre a considerava tanto dela quanto sua.

Toda de boa madeira, resistente à intempérie, no estilo das cabanas de campo europeias. O telhado, com acentuada inclinação, ultrapassava muito os limites das paredes.

Pequena, com apenas um quarto, uma cozinha e um banheiro. A sala era o espaço mais amplo e bastante acolhedor. Havia também uma lareira, mas era raro ficar tão frio que precisasse acendê-la.

Nos arredores tinha plantas ornamentais e algumas hortaliças na parte de trás. Não muitas. O lote não era muito grande, e a maior parte tomada por árvores.

Ali era o seu pequeno paraíso, o seu refúgio. Não considerava um paraíso de delícias, porque lhe faltava o que era mais importante, e sobravam recordações, saudade e tristeza. As recordações faziam parte da sua vida, como aquele lugar, e não poderia viver sem elas. Ali estavam as iniciais dos seus nomes, talhadas dentro de um coração, no tronco da árvore ao lado direito da casa – B & B.

Isidio
Enviado por Isidio em 01/10/2020
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