DIÁRIO DA QUARENTENA - PARTE 15

O mundo parou e eu não vi. Caetano Veloso, enfim, se fez homem, habitou entre nós e cantou numa live. E eu não ouvi. O cometa passou, desfilou e iluminou o céu. E eu estava dormindo, sonhando talvez. Mas em meu favor está a rotina surgida com a quarentena: estou caetaneando quase todos os dias. Abençoado seja o YouTube! A música de Caetano não cria rugas, não tem qualquer bolor. Suas palavras atravessam tantos tempos, em canções, em entrevistas, em devaneios. Algumas palavras me encontram quarenta anos depois de lançadas e parecem ter sido inventadas a um minuto. Caetano não é guru, não é Antônio Conselheiro. Suas palavras às vezes são duas numa só, são sem ser. O que há de mais infinito nele nem são seus saberes. São seus sabores, suas cores, as dores que no som de suas palavras são só beleza. Aquele tipo de beleza que anula todo o resto.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 10/08/2020
Reeditado em 10/08/2020
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