DIÁRIO DE QUARENTENA - PARTE 10
O que há para hoje: o milagre que ainda não se fez carne, que não habita entre nós. Jornais esgotaram o estoque de manchetes para descrever a tragédia. O extra-extra se tornou amarelo. A peste não tira dia de folga. Hoje e amanhã são iguais em desgraça. O inverno chegou e congelou nossa comoção. Contamos mortos como separamos o cisco do feijão: poucos músculos da face se contraem. A lágrima secou. E o dia teima em não amanhecer, teima em não comungar com a vida.