QUARENTA DIAS LONGE DO SOL

Os primeiros raios solares entregam que mais um dia fora iniciado.

Primeiro e talvez último.

A falta de perspectiva dentro deste buraco sem fim é gritante, estonteante e desesperançosa.

Para onde iremos? Para onde eu irei?

Sequer há placas para indicar a direção correta e a errada.

Seguimos tontos rumo à luz fosca no fim do túnel, escalando as paredes lamacentas, rasgando as roupas em pontiagudos degraus morais invisíveis.

Já não consigo enxergar mais nada. A escuridão tapou-me os olhos, arrancou-me os ouvidos e despiu-me de meus conceitos, jogando-me assim cada vez mais fundo neste infindo túnel.

Ó jovem brasileiro, o que tens na cabeça além da melancolia e pressão servindo como cordas espinhentas que lhe prende os braços e pernas?

​Grito sem dó de minha garganta. Imploro por socorro.

Por que matas a minha juventude, minha fé na vida e minha esperança de dias melhores?

Malditos engravatados!

Sugam-me cada gota de minha perspectiva e jogam-me no poço.

Onde fico...

quarenta dias... anos...

​afastado do sol.

G Silva
Enviado por G Silva em 07/05/2020
Código do texto: T6940599
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