DIÁRIO DE QUARENTENA - PARTE 4

Entre todos os verbos do mundo nos sobrou o resistir. É uma resistência exilada, meio passiva. A vida no porão. Rezamos por milagres que não sei se acreditamos. Sonhamos campos dourados que não se pisaremos. Não é uma espera igual para todos nós. Alguns porões são jardins habitados por príncipes. Outros são alçapões por onde a vida às vezes escapa. Dormimos e não conseguimos alcançar a utopia nem em sonho. Nossos sonhos são apenas um instinto biológico, destituído de qualquer poesia. Uma tela em branco sem artista para desposar.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 28/04/2020
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