DIÁRIO DE QUARENTENA - PARTE 4
Entre todos os verbos do mundo nos sobrou o resistir. É uma resistência exilada, meio passiva. A vida no porão. Rezamos por milagres que não sei se acreditamos. Sonhamos campos dourados que não se pisaremos. Não é uma espera igual para todos nós. Alguns porões são jardins habitados por príncipes. Outros são alçapões por onde a vida às vezes escapa. Dormimos e não conseguimos alcançar a utopia nem em sonho. Nossos sonhos são apenas um instinto biológico, destituído de qualquer poesia. Uma tela em branco sem artista para desposar.