28 - Vinte e Oito
Leio sempre mas nunca digo que li. Ninguém sabe, ninguém tem de saber, disse-me. Fico livre para ficar no que me parece, para não comentar nunca, nem agradecer, acrescentou. Há por aqui muita gente assim. Têm medo de palavras e juízos, de fazerem parte de grupos, de conviver. Nunca usam fotos actuais, imagens suas. São, nas redes sociais, uma flor, um enigma, um recorte vazio. Recebem tudo e nunca dão nada, dizem o que lhes apetece sem consequências pessoais, afinal ninguém pode acertar em fantasmas. A verdade, no entanto, é que o beijo que lhes traria a diferença é dado numa boca ao lado.