Intimidades 1135
Somos todos diferentes, únicos, autónomos. Todos separados até certo ponto, todos unidos no que nos é comum. Faz pouca diferença a língua que por gestos podemos onde nos faltarem palavras e se gestos não bastem nos olhamos, nos aprendemos, nos ajeitamos. E vamos. A mesma barca, o mesmo mar, o espaço de ir e de estar, a navegação que nos leva e há-de salvar ou perder, que nos permite ser. E somos. Humanos. E a seguir escolhemos o lugar e o modo, a voz e a fala, o silêncio. Importa que tenhamos consciência de que somos todos daqui, que a Terra nos pertence por igual e que ainda que estranhos temos de comum corpo e espírito. No mais podemos até divergir mas continuamos parecidos, irmanados ou não, acolhedores ou hostis, limpos ou sujos, bons, maus ou medíocres. Podemos ir ou ficar, gostar ou não amar desde que saibamos que o mundo é nosso e nenhum outro há para elites, refractários, ateus. A barca é esta e estamos todos aqui. Os que saírem morrerão ou ficam vivos em solidão que pode ser mansa ou parecida com o nada, esse lugar onde vivendo se morre.