Frases De Simone De Beauvoir

A morte parece menos terrível quando se está cansado.

Querer ser livre é também querer livres os outros.

É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a separava do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência concreta.

O homem é livre; mas ele encontra a lei na sua própria liberdade.

Por vezes a palavra representa um modo mais hábil de se calar do que o silêncio.

O escritor original, enquanto não morre é sempre escandaloso.

Se vivermos durante muito tempo, descobrimos que todas as vitórias, um dia, se transformam em derrotas.

Não se pode escrever nada com indiferença.

O homem sério é perigoso, pode transformar-se em tirano.

Todas as vitórias ocultam uma abdicação.

Viver é envelhecer, nada mais.

Era-me mais fácil imaginar um mundo sem criador do que um criador carregado com todas as contradições do mundo.

Quando se respeita alguém não queremos forçar a sua alma sem o seu consentimento.

O compromisso multiplica por dois as obrigações familiares e todos os compromissos sociais.

A recusa da existência é ainda uma maneira de existir. Ninguém conhece, enquanto vivo, a paz do túmulo.

A beleza ainda é mais difícil de contar do que a felicidade.

É o desejo que cria o desejável e o projeto que lhe põe fim.

Em todas as lágrimas há uma esperança.

É horrível assistir à agonia de uma esperança.

Renunciar ao amor parecia-me tão insensato como desinteressarmo-nos da saúde porque acreditamos na eternidade.

O presente não é um passado em potência, ele é o momento da escolha e da ação.

A minha liberdade não deve procurar captar o ser, mas desvendá-lo.

Ninguém nasce mulher: torna-se mulher.

A velhice é a paródia da vida. Se não foste feliz quando jovem, certamente que tens agora tempo para o ser.

As oportunidades do indivíduo não as definiremos em termos de felicidade, mas em termos de liberdade.

Seja qual for o país, capitalista ou socialista, o homem foi em todo o lado arrasado pela tecnologia, alienado do seu próprio trabalho, feito prisioneiro, forçado a um estado de estupidez.

Atroz contradição a da cólera; nasce do amor e mata o amor.

É na arte que o homem se ultrapassa definitivamente.

Nós, para os outros, apenas criamos pontos de partida.

Não são as pessoas que são responsáveis pelo falhanço do casamento, é a própria instituição que é pervertida desde a origem.

O que é um adulto? Uma criança de idade.

Que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância, já que viver é ser livre.

Parecia-me que a Terra não seria habitável se não houvesse alguém que eu pudesse admirar.

Diante de um obstáculo que é impossível de superar, obstinação é estupidez.

Toda a busca do ser está fadada ao fracasso; esse mesmo fracasso, porém, pode ser assumido. Renunciando ao sonho vão de nos tornarmos deus, podemos satisfazer-nos simplesmente em existir.

(...) uma acrimônia no vazio é tão perigosa quanto a outra e isto lhe cola ao âmago; e quando estiver na sua frente ela ficará totalmente tomada, sobretudo com a sexualidade, a coisa vai rápido - se quiser terminar essa história, talvez seja possível sem desastre, mas não sem barulho e será preciso muita dureza: diminuir lentamente a paixão nas cartas e dar um adeus frio.

Eu gostaria muito de ter o direito, eu também, de ser simples e muito fraca.

Entretanto, não se deve acreditar que todas as dificulades se atenuem nas mulheres de temperamento ardente.

Ao contrário, podem exasperar-se. A pertubação feminina pode atingir uma intensidade que o homem não conhece.

Simone de Beauvoir

Hoje cedo (...) desejei ardentemente ser a garota que comunga na missa da manhã e tem uma certeza serena... No entanto, não quero acreditar: um ato de fé é o ato mais desesperado que existe e quero que meu desespero pelo menos conserve sua lucidez. Não quero mentir para mim mesma.

Não há uma pegada do meu caminho que não passe pelo caminho do outro.

Para que minha vida me bastasse, precisava dar seu lugar à literatura. Em minha adolescência e minha primeira juventude, minha vocação fora sincera mas vazia; limitava-me a declarar: "Quero ser uma escritora". Tratava-se agora de encontrar o que desejava escrever e ver em que medida o poderia fazer: tratava-se de escrever. Isso me tomou tempo. Eu jurara a mim mesma, outrora, terminar com vinte e dois anos a grande obra em que diria tudo; e tinha já trinta anos quando iniciei o meu primeiro romance publicado, A convidada. Na minha família e entre minhas amigas de infância, murmurava-se que eu não daria nada. Meu pai agastava-se: "Se tem alguma coisa dentro de si, que o ponha para fora". Eu não me impacientava. Tirar do nada e de si mesma um primeiro livro que, custe o que custar, fique em pé, era empresa, bem o sabia, exigente de numerosíssimas experiências, erros, trabalho e tempo, a não ser em virtude de um conjunto excepcional de circunstâncias favoráveis. Escrever é um ofício, dizia-me, que se aprende escrevendo. Assim mesmo dez anos é muito e durante esse período rabisquei muito papel. Não creio que minha inexperiência baste para explicar um malogro tão perseverante. Não era muito mais esperta quando iniciei A convidada. Cumpre admitir que encontrei então "um assunto" quando antes nada tinha a dizer? Mas há sempre o mundo em derredor; que significa esse nada? Em que circunstâncias, por que, como as coisas se revelam como devendo ser ditas?

A literatura aparece quando alguma coisa na vida se desregra; para escrever - bem o mostrou Blanchot no paradoxo de Aytré - a primeira condição está em que a realidade deixe de ser natural; somente então a gente é capaz de vê-la e de mostrá-la.

A velhice denuncia o fracasso da nossa civilização.

Achar-se situada à margem do mundo não é posição favorável para quem quer recriá-lo.

Encanto é o que alguns têm até que começam a acreditar que, de fato, o têm.

Todo homem que teve amores verdadeiros, revoltas verdadeiras, desejos verdadeiros, e vontades verdadeiras, sabe muito bem que não tem necessidade de nenhuma garantia extrema para ter certeza dos seus objetivos; a certeza provém das próprias forças propulsoras.

É do conhecimento das condições autênticas de nossa vida que é preciso tirar a força de viver e razões para agir.

O casal feliz que se reconhece no amor desafia o universo e o tempo; basta-se, realiza o absoluto.

O fato de que sou escritora: uma mulher escritora, não uma dona-de-casa que escreve, mas alguém cuja existência, em sua totalidade, é comandada pelo ato de escrever.

Vinicius Moratta e Simone De Beauvoir
Enviado por Vinicius Moratta em 08/01/2019
Código do texto: T6545533
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