Intimidades 1056
Ardo eu e o branco sujo da parede, o candelabro de mau gosto, a voz rouca e cava deste dia. Estás aqui de corpo insubmisso e aguardas que a guerra comece, mínimo toque de dedos , olhos acesos e a nudez que já celebro sob o teu trajar justo, ainda provocante, ainda manso e distante. Sou eu o indecente e tu a lua, voz pálida de um arder sem chama. Estamos por fim na cama, no campo , no mar, neste começo agreste de céu sem aves, apenas negro e esperança. E vens a mim suave como brisa de perfumado vento e logo é tudo ventania, partir de galhos, ralhos, insultos. Quem me obriga a ser sereno se me dás o teu veneno e te acendes nele? Quem se não tu me responde feroz como usam os lobos à beira de ser doces?