Intimidades 965
Há coisas que, explicadas, deixam de ser simples e não expressas ficam a doer por dentro de quem as vive. Há coisas que a explicação nos traz acréscimo de stress e de desespero e a não-aceitação nos lega a crítica dos demais. Tomados por grosseiros, pouco urbanos, impacientes, acabamos por, na resposta às agressões, trocar por outra a nossa pele e a afabilidade que temos todos os dias. Não sei, ainda, agir a contento de todos torturando-me. Ainda não aprendi a arder sereno em lume brando. Há dias em que preferia não estar. Conheci um Ken, estudante de medicina nos idos de 70, Japonês em Lisboa, que um dia me abriu a porta para dizer: Hoje, Ken não está.