Nicolás Gómez Dávila-Aforismos-Exercícios de tradução

“O amor intelectual é raro, mas mais rara é a generosidade”.

“Todas as sociedades perecem com a abolição de seus mitos”.

“Porém chega o dia de luz invernal no qual contemplamos a nossa esquelética nudez, quando descobrimos o homem miserável que somos e medimos a distância entre a grandeza com a qual sonhávamos e a espoliada pobreza da nossa humanidade.

Não nos resta nada além aceitarmos a nós mesmos ou nos suprimirmos. Suprimir-nos? Para um gesto tão excessivo necessitaríamos de uma dose de orgulho que a nossa clara consciência não tolera; precisaríamos pesar a nossa importância com a balança do falsário, quando a urgência do dilema se coloca àquele que se mediu com justiça.

Aceitar a nós mesmos? Bem, mas como, de que modo? Limpidamente, é claro, sem armadilhas ou auto justificações”.

“Aquilo que procuramos com mais ânsia é a significação dos fatos, o seu sentido”.

“A significação com a qual o objeto se ilumina interiormente não é uma relação transitiva que revele um outro objeto para o qual aquele existe; é, ao contrário, a manifestação da sua essência absoluta, da sua positividade irredutível. O significado de um objeto é a sua posição absoluta no sistema do universo; não é uma etiqueta classificatória, nem um conceito; é uma presença sensual, ardente e dura”.

“As coisas adquirem seu significado quando as vemos em sua colocação divina: tais como são em Deus”.

“A realidade não é outra coisa que o referimento das coisas a Deus”.

“A inteligência que esquece ou que despreza os gestos voluptuosos, desconhece a densidade que a obscura presença da carne empresta ao mundo”.

“Nenhuma filosofia da história propõe um sistema que a consideração de dois ou três fatos não refute automaticamente”.

“Como um ator desastrado, procuro uma cadeira de espectador”.

“Os pecados mais graves não são aqueles que cometemos contra a sociedade. É punível somente aquilo que degrada, em nós, a mais elevada idéia de homem”.

“O contato com outros espíritos, com o seu pensamento estranho, duro e cortante, inquieta as nossas triviais e prematuras convicções. Em suma, a riqueza e a densidade da consciência, assim como a sua acuidade, não nos são dadas separadamente em relação ao ato por meio do qual nos apossamos da porção humana do nosso patrimônio”.

“Filosofar quer dizer repugnar o fingimento e renunciar à comodidade”.