PROSTITUTA (Série Folclórica Memória) ROBERTA LESSA
Muitas vezes sinto-me quase uma "prostituta cultural", quase cedendo à aceitação de migalhas oferecidas em troca de passos de uma dança que jamais será valorizada por aqueles que incompreendem tal arte e que são por hora poder ou almejam nele galgar espaço; então orgulho-me, pois nessa milenar e tão cristalizada miséria humana deflagrada pelas ágeis mãos que nos mantém cegos e aprisionados em redes; ainda emerjo respirando o mais puro ar de nossas raízes populares, ainda não consumidas por aquilo que corrói quaisquer formas originais de nossas reais riquezas manifestas - não mostradas em festas, não urdidas em cenários, não construídas em palcos, não compradas em moedas - no coração, alma e força de pessoas simples que são o que realmente mantém viva e vívida a arte que se supera com altivez, permanência e leveza diuturnamente tudo aquilo que vem contra ela e que desvalorizam sem perceber o valor daquilo que vem bem antes de nossos bisavós...
Muitas vezes sinto-me quase uma "prostituta cultural", quase cedendo à aceitação de migalhas oferecidas em troca de passos de uma dança que jamais será valorizada por aqueles que incompreendem tal arte e que são por hora poder ou almejam nele galgar espaço; então orgulho-me, pois nessa milenar e tão cristalizada miséria humana deflagrada pelas ágeis mãos que nos mantém cegos e aprisionados em redes; ainda emerjo respirando o mais puro ar de nossas raízes populares, ainda não consumidas por aquilo que corrói quaisquer formas originais de nossas reais riquezas manifestas - não mostradas em festas, não urdidas em cenários, não construídas em palcos, não compradas em moedas - no coração, alma e força de pessoas simples que são o que realmente mantém viva e vívida a arte que se supera com altivez, permanência e leveza diuturnamente tudo aquilo que vem contra ela e que desvalorizam sem perceber o valor daquilo que vem bem antes de nossos bisavós...