Não Julgueis
À porta, Olívia levantou a mão para bater, mas parou com ela no ar. Como seria a pessoa com quem ia ter uma entrevista não agendada? Um senhor gordo, careca, idoso, carrancudo, que a olharia de forma estranha por cima dos óculos de grau como que dizendo: o que você quer? Não vê que estou ocupado? Quem mandou você aqui? Apesar disso, como Cíntia dissera, ela não tinha nada a perder. O máximo que podia acontecer era não ser admitida. Bateu na porta duas vezes, o mais leve possível.
-- Pode entrar – soou uma voz grave, de homem.
Olívia teve vontade de se voltar e sair correndo. Em vez disso, girou a maçaneta e empurrou a porta vagarosamente, enfiando primeiro a cabeça para dar uma espiada. Por trás de uma mesa estava um homem, mas não era gordo, nem careca, nem usava óculos. E olhou para ela com um sorriso. Devia ser um funcionário ocupando a mesa do patrão.
-- Eu... gostaria de falar com o senhor Leonardo... – disse meio hesitante.
-- Aproxime-se. – Olívia entrou, fechou a porta e ficou em pé perto da mesa. – O que deseja de mim, garota?
-- O senhor é o senhor Leonardo? – perguntou não conseguindo esconder a surpresa.
-- Desde o dia que meu pai me registrou com esse nome – respondeu sorrindo. – E você é?...
-- Ah, desculpe – estendeu a mão. – Eu me chamo Olívia. Olívia Savala.
(Trecho de Não Julgueis - romance em andamento)