Os olhos da dona Lua

No meu quarto tem uma grande janela que dá de cara para a rua... e para a Lua, mas eu nem a olho. Não olho a Lua nos olhos nem olho as pessoas nos olhos.

Timidez perante a Lua e sua grandeza; às pessoas: talvez seja fobia. Nunca tive regalias, só manias. Manias que me faziam olhar para a Lua e dizer: "Boa noite, pedra de Safira. Amanhã será um novo dia e sem muitas alegrias".

Acordo, e saio para caminhar. A rua vira a romaria que eu detesto. Alucino e penso: "Jaz! É um protesto".

Corro para a calçada do bar para entender a situação. O padeiro para, olha e me pergunta o porquê daquela multidão. Eu dou de ombros, pois também não entendo.

Tudo se acalma na rua, volto para casa sã e salva. Respiro. Aguardo a noite.

Lua, minha querida pedra de Safira voltou para cá. Saindo de sua alquimia e retornando em minha vida como utopia.

Desabafo a ela sobre a loucura do dia. Em minha mente tenho a certeza de ouvi-la com voz suave dizer: "preste atenção aos meus olhos. O protesto que faço contra ti é porque sempre ignora a janela da minha alma, por isso no dia desapareço e a paz na rua cessa e toda a tribulação começa!".

Thina Freitas
Enviado por Thina Freitas em 05/08/2017
Reeditado em 05/08/2017
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