Lago da Solidão
E, assim, minha imaginação ganhou asas, e voei com ela para além de onde a tristeza jamais a alcançaria. Eu não sentia o peso de Asoiretsim em minhas costas, e era como se meus pés não tocassem o chão. Corria pela beira do lago, com meus braços abertos, e ela grudada em mim. Se alguém nos visse, diria que éramos dois malucos. Mas o que nos importava?
-- Estamos voando – gritei para ela.
-- Sim, estamos!
-- Passando pelo meio das nuvens! Segure-se bem!
-- Olhe a terra ficando cada vez mais distante!
-- Ela vai ficar pequena e desaparecer à medida que subirmos. Quanto deseja ir?
-- Sem limite! Quero o infinito! Não voltarei mais para a terra. Você quer voltar?
-- Não sem você!... Não sem você!
-- Talvez não possa ir comigo!
-- Mas você não pode ir sem mim! Não sou eu que a estou levando?
-- Quando estivermos saindo da força de gravidade, não precisará mais me levar. Mas é preciso que você tenha cuidado para não ultrapassar a fronteira, e ficar, enquanto eu seguirei sozinha.