Lago da Solidão
O lago da solidão nos acolheu mais uma vez, com seu misterioso silêncio, testemunha da vida e da morte, do prazer e da tristeza, imune às oscilações de sentimentos à sua volta. Asoiretsim e eu estávamos no paraíso, decididos a não deixar que qualquer influência externa mudasse isso. Nos braços um do outro parecíamos invencíveis, senhores do espaço e do tempo.
Ali era a nossa casa, sem paredes e sem telhado, ao ar livre; o nosso jardim do Éden. Ainda que fosse uma fantasia, uma ilusão longe da realidade do ponto de vista de outras pessoas, que podiam nos considerar loucos, era assim que considerávamos, e nada mais nos importava. Mas eu sabia, e Asoiretsim também, que tudo não passava de uma situação insustentável, arranjada e mantida sem previsão de duração e consequências. Era também, para mim, uma libertação, uma visão nova do que é considerado normal, civilizado e decente.