BEIJO DE CABOCLA

A flor da boca encarnada, num pantanal de silencio e cios, transpassa os rios dos lábios caudalosos e arrepiantes de uma pororoca salivar, que arrebenta de água quase benta, o puríssimo desejo de um beijo, que se eriça com a revoltosa língua nervosa do jambu, fincada na raiz da pedra furada de lantejoulas os átrios profundos e cavernosos do coração, que "ora pro nobis", só pra citar o latim, já comunga murmurando de joelhos, no céu da boca cabocla estrelada e crepitante de aipim...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 30/06/2017
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