Intimidades 501
Guardo a palavra que sai húmida ainda da tua boca e lateja na minha pele como um recado. Vem, dizes. E todo o espaço me parece longo, e todo o tempo incerto, e todo o sangue tumulto, batuque de coração desavisado, dedos que mal tocam a maravilha e logo descem, ensinados, ao centro da terra. Vem, repetes. E de estátua presa à emoção me faço barco na tua ria, gaivota do teu céu, água que de uma fonte se perde. Vem, ainda ouço quando já em ti me sei e a noite nos cega.