SER
Teu olhar plúmbeo anuvia meu céu
Dilata meu olhar de carniceiro
A noite chega coberta com seu transparente véu
E os pássaros errantes como eu amam o nevoeiro...
Ali eles se desfaçam em sua desfaçatez
Como quem os espreita se confundem
Logo eles se recolhem depois das seis
Porque sabem que a tarde com a noite num só suspiro se fundem...
Logo após o adormecer das feras que delitam
Depois de saciadas suas frágeis vidas
Os olhos negros e atrevidos das gazelas saltitam
E logo as flores da primavera são-lhes crida...
Vertendo meu ser sagrado sob tua lápide
Tua falta em minha ausencia despiria meu véu
Logo na lembrança te traria a áspide
Que no leãozinho do amor flutuarias no meu céu
Teus olhos são minhas lanternas
Sei que a escuridão é posto sem gasolina
Quero chegar até onde teu coração hiberna
Pois que é mais fácil ser tua sina do que eu dobrar a esquina...
É como ser parte da colméia
Lá dentro não posso ser ferrado
Minha condenação é minha véia
Que não me dá direito a ser libertado...
Logo mais vamos nos ver
Tudo vira poesia
Ser ou não ser o poeta já dizia
Para que haja sono é preciso adormecer...
Para que haja
haja sono
Som de piano na mente
Fundo musical
Oitavas
Sentes
As sementes
Somente elas
Paralelas como semen-tes atenuantes amarelas...
E de repente morrem axiomas
Como repelentes
Como ancestrais...
E "nosotros" rizomas
ficamos pra trás...
O mundo...
Quando ficamos pra trás é o mundo
Que pra trás deixamos
Por que no mundo
Estamos sós
Num silencio profundo...
exílio!!!!
l
l