SER

Teu olhar plúmbeo anuvia meu céu

Dilata meu olhar de carniceiro

A noite chega coberta com seu transparente véu

E os pássaros errantes como eu amam o nevoeiro...

Ali eles se desfaçam em sua desfaçatez

Como quem os espreita se confundem

Logo eles se recolhem depois das seis

Porque sabem que a tarde com a noite num só suspiro se fundem...

Logo após o adormecer das feras que delitam

Depois de saciadas suas frágeis vidas

Os olhos negros e atrevidos das gazelas saltitam

E logo as flores da primavera são-lhes crida...

Vertendo meu ser sagrado sob tua lápide

Tua falta em minha ausencia despiria meu véu

Logo na lembrança te traria a áspide

Que no leãozinho do amor flutuarias no meu céu

Teus olhos são minhas lanternas

Sei que a escuridão é posto sem gasolina

Quero chegar até onde teu coração hiberna

Pois que é mais fácil ser tua sina do que eu dobrar a esquina...

É como ser parte da colméia

Lá dentro não posso ser ferrado

Minha condenação é minha véia

Que não me dá direito a ser libertado...

Logo mais vamos nos ver

Tudo vira poesia

Ser ou não ser o poeta já dizia

Para que haja sono é preciso adormecer...

Para que haja

haja sono

Som de piano na mente

Fundo musical

Oitavas

Sentes

As sementes

Somente elas

Paralelas como semen-tes atenuantes amarelas...

E de repente morrem axiomas

Como repelentes

Como ancestrais...

E "nosotros" rizomas

ficamos pra trás...

O mundo...

Quando ficamos pra trás é o mundo

Que pra trás deixamos

Por que no mundo

Estamos sós

Num silencio profundo...

exílio!!!!

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Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 19/11/2016
Reeditado em 19/11/2016
Código do texto: T5828067
Classificação de conteúdo: seguro
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