OUTRAS PRECIOSIDADES (38)
C A N Ç Ã O
Minha prima Isabela. . . Não conheci minha
prima Isabela. Atravessei, anos depois, o pátio
ajardinado em que, me dizem, nos vimos e nos
amamos na infância. É um lugar de sombra -
como nos cemitérios, há nele árvores inverniças
e endurecidas. Um musgo amarelo rodeia as
cinturas de umas grandes malgas de greda
cinzenta no pátio destas lembranças. . . Foi,
pois, ali onde vi minha prima Isabela.
Devo ter-lhe posto estes olhos dos meninos
que esperam algo que vai suceder, está sucedendo,
sucedeu...
Prima Isabela, noiva destinada, corre um
caudal contínuo, eterno entre nossas soledades.
Eu deste lado deito a correr na direção de vales
que não diviso, meus gritos, minhas ações, que
regressam ao meu lado em ecos inúteis e
perdidos. Tu do outro lado. . .
Muitas vezes, porém, rocei por ti, Isabela.
Porque tu serás - quem sabe onde ?! - essa
recolhida mulher que, quando caminho no
crepúsculo, conta da janela, como eu, as
primeiras estrelas.
Prima Isabela, as primeiras estrelas.