Intimidades 209
(Para Conceição Lima)
Tu eras muito mais que todas as representações. Os muitos retratos que fiz de ti eram sempre insuficientes. Faltava força, carácter, luz, ternura, amor, mistério. Depois, muitos não sabias ler ou não entendias, noutros achavas que não eras tu, noutros ainda a imagem estava cansada, jovem demais, não traduzia o modo como te vias de cor, como te descrevias. Deixei de pintar-te e passei a escrever-te. Agora, com palavras de uso comum, digo o que és para mim. Começo, invariavelmente, sempre assim : Tu és a pessoa mais querida, mais amada, mais admirada, mais bonita. E tu acabas a ver-te fiel nas minhas palavras.