Inferno, tão perto de nós

O Navio Negreiro

...de Castro Alves é o Poema mais impressionante que eu já li.

Mentiria se falasse que as imagens de demônios não se formam em minha mente e lágrimas como de perdão tardio não corressem pelo meu rosto ao ler ou escutar esse belo Poema.

Com palavras em puro sangue, com cheiro e cor de vermelho vivo

escorrendo nau afora, misturando-se aos verdes mares, em noites salpicadas de estrelas, com os ais sob os chicotes misturando-se aos gritos das gaivotas apenar dos homens, mulheres e crianças, negros acorrentados.

Hoje ainda, Homens malditos continuam a guardar em si a malevolência e com ela tornam aos demais escravos seus.

Que queimem para sempre no inferno e sobre eles os urubus, pobres inatos, façam dos seus restos putrefatos banquetes pastosos e imemoriáveis.

Os tempos mudaram

Mudaram os costumes

Mudou o mundo

Só não mudou o Homem inimigo de si mesmo

Imoral consigo mesmo até cair no cadafalso.

Insensíveis e indiferentes ninguém fará ouvir os estalos dos seus pescoços partidos E nem verá as suas cabeças rolantes sob as frenéticas guilhotinas de sangue incolor, ainda quente a jorrar.

Continuamos com a escravidão dos tempos de outrora em forma de servidão.

Paga-se uma miséria para a maioria servir acorrentados as suas impagáveis dívidas para uma minoria de dois ou três únicos patrões neste vasto mundo.

Os navios negreiros agora com escravos brancos também, tornaram-se Bancos com a proa virada para o inferno.

...E pior ficará a cada ano que passar.

Robertson
Enviado por Robertson em 16/03/2015
Reeditado em 19/03/2015
Código do texto: T5172504
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