REPRESENTE QUE FAZ BEM A ALMA
Sei lá de onde tiraram que Léa Perez seria diretora de teatro, empossada não sei por quem ela apareceu distribuindo papeis e decorebas, olhou-me de baixo até a testa e lascou que eu seria um médico, atirou-me um jaleco, um estetoscópio, um óculos maior que a minha fachada e 1/4 de folha de papel com duas linhas e era a minha fala. Reclamei e a reposta foi lacônica:
- Tu não dás para a coisa!
- Mas quem era ela para dizer isto? Pois o que eu mais fazia era representar e assim passei a vida, representando.
Representar mesmo que pareça a verdade verdadeira não corroí a alma, mas alivia-a.
Representei chefes preguiçosos em solenidades que não eram minhas, representei que estava tudo bem e que não faltava nada, mas nos bastidores contávamos as gotas de gasolina.
Pena que muitas vezes a plateia não entenda que é meramente uma representação!