O RECITAR
"Recitar,ainda é o que temos de melhor.Porque nasce do que vemos e do que ouvimos.Tudo a partir de uma memória central.Recitar,é transformar,é deixar por um segundo o povo de dedos (as mãos onde produzimos arte) de lado e reverberar para o mundo,através da oralidade,tudo aquilo que for,é e seja tão natural.Recitar,é concentrar,é absorver da vossa alma e absorver da alma do público,todas as emoções paralisadas pelo movimento da doce voz que exalou em letras,a construção das palavras do sábio trovador.Recitar é voz,é frase.São frases.Canetas,papéis,lápis,escrivaninhas,um calabouço bem quisto pelo produtor das aldeias de informações,aquele,ensinado a operar as máquinas das fabricações pausadas e não mais aquelas industriais,as de larga escala ou também chamadas de:Poema-seriais.Poemas sem pressa.Recitar é o indivíduo emprestado para a cultura das viagens,das imaginações surreais.A realidade para o poeta,é também algo para recitar,pois,realidade agride o conservador,então talvez seja por isso que poeta já nasce revolucionário.Recitar,é conviver mutuamente,poeticamente com a desigualdade total de um Planeta mundo e imundo,e não tratá-lo com a amistosidade de uma partida de futebol de escudos.Recitar,é ser raivoso,é descontroladamente espumar a boca pela indesejável política podre,pronunciada antes,na decência do teu Eu-carácter.Recitar,é rolar ladeira abaixo da emoção,é se estabanar nos aplausos desse final de asfalto e em seguida sorrir,por ainda saber que encontrar-se feliz.O silêncio que atravessa a sala,corta os quartos,a varanda,sobe as escadas e retorna ao local de origem,é o genitor,é o poeta buscando além do Zen,além da mata,além do arranha-céus da grande árvore,as introduções,buscando serenidade e o discernimento para o seu elétrico elaborar.Recitar ontem foi uma voz,hoje recitar,são vários gritos ancestrais."