DE AMOR E SAUDADE TAMBÉM SE MORRE
De amor e saudade também se morre
Letícia, uma idosa aposentada, teve o seu cartão bancário e o seu carro tomados pela filha adotiva e o marido. O casal promovia viagens demoradas, deixando a pobre mulher num completo abandono.
A casa exalava mau cheiro, a idosa descuidada e com fome. Faltavam-lhe os remédios também. Essa situação se repetia muito. Mas ela não reclamava. De vez em quando, eles apareciam e assim, ela ia matando a saudade da filha.
Até que os vizinhos não aguentaram mais tanta desídia, desmazelo e maldade para com a idosa. Denunciaram o casal ao Conselho Tutelar para Idosos e as providências foram tomadas.
Foram designadas cuidadoras e nomeado um administrador para o cartão bancário e os bens de Letícia. A filha foi proibida de visitá-la e até de falar com ela. O telefone foi trocado.
Passaram-se uns cinco meses e nunca mais ela soube da filha. Vivia bem cuidada, a casa arrumada, mas nem a voz daquela que ela amava, era-lhe permitido ouvir.
Numa noite, após o jantar, ao preparar-se pra dormir, pareceu que anjos vieram buscá-la e num discreto sussurro, antes de partir, ainda chamou o nome da filha.
Que doloroso! O amor era tão grande que penso que ela preferiria ter continuado a viver naquela espécie de pocilga, contanto que a sua filha ingrata estivesse por perto.
Paradoxos do coração.