Só a arte é eterna, o homem não...

Em meio ao deserto de idéia me surgiu como uma fonte límpida, num torrencial incomparável, um pensamento único que não esperava eu possuir. Como um crente aos pés do altar em um estado de êxtase contemplativo de mim mesmo, como se homem não fosse e sim um deus, vi meu futuro traçado e revelado sem nenhuma sombra, sem véu, claro transparente. Ao ser deslindado meu caminhar regresso, ao mensurar as falhas dos meus passos, ganhei uma força incomum para seguir outro caminho, para trilhar por veredas ainda obscuras aos meus similares ou semelhantes. Ao desvendar o universo das palravas e as tramas dos arcanos da filosofia, eu que antes me via como simples mortal, igual a qualquer um homem comum, ou animal, transformei-me em algo que até então não percebia em parte alguma. Não ser pessoa como todos que nos rodeiam é algo assustador; há, sem dúvida, um prazer, um regozijo infinitamente imensurável, inarrável em letras, ou em palavras audíveis, só quem sobe ao monte santo pode compreender o que é ser uma estrela que apesar da imensa luz não pode ser vista a olho nu, uma luz que não pode guiar outros apenas a si próprio. Só a arte é eterna o homem não...

Evan do Carmo

Evan do Carmo
Enviado por Evan do Carmo em 30/03/2007
Reeditado em 04/02/2008
Código do texto: T431018