“Penso às vezes, com um deleite triste, que se um dia, num futuro a que eu já não pertença, estas frases, que escrevo , durarem com louvor, eu terei enfim a gente que me ‘compreenda’, os meus, a família verdadeira para nela nascer e ser amado. Mas, longe de eu nela ir nascer, eu terei já morrido há muito. Serei compreendido só em efígie, quando a afeição já não compense a quem morreu a só desafeição que houve, quando vivo.”
Essa frase é do monumental Fernando Pessoa, que li no "Livro do Desassossego".
Identifiquei-me instantaneamente com ela, por isso a coloco aqui. Sinto, como ele sentia, e o compreendo perfeitamente: o isolamento, a falta de afeição da família, a sensação de não pertencer a ela, de não pertencer a este mundo.