Escatologia Facebookiana - [15]

Revisitei conceitos. Agora, a minha maior prerrogativa para não ter filhos é evitar o constrangimento de, ao ser perguntado sobre meu tempo jovial, explicar que as pessoas babavam por celulares, que as pessoas ficavam deslumbradas com atualização de software de celular.

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Parece que está cada vez mais difícil ter um olho no olho com com quem dá gosto conversar. Estamos todos absorvidos demais em nossos namoricos, empregos e redes sociais pra ter tempo pra algo que fuja dessa alienação toda. Hoje em dia, o grupo de amigos que você queria ter por perto em tempo integral anos atrás, quando se reúne, é cada um com a cara enfiada no próprio mundinho de 3, 4 polegadas, registrando momentos que não vive e compartilhando-os com gente que não se importa.

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Saudades de concluir um raciocínio.

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Ambição: Ficar espichado numa rede em Jericoacoara com um copo de Stock de Capuccino bem geladinho | Realidade: Mesa transbordando trabalho.

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Pior do que querer escrever e não ter inspiração, é ter inspiração pra escrever e não ter tempo.

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Uma vida sobre trilhos resumida a ter a retina ofendida por mulheres que julgam ser bonito fazer cosplay do Sinforoso.

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Chá de Santo Dai-me Paciência.

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Enquanto o perfuminho de quenga exagerado no fim do dia for mais importante que o amarelado do provolone vencido na calcinha, haverá guerra.

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Deus fica chateado quando você deixa louça suja na pia pra ficar """pregando a palavra""" no Facebook, sabia?

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Ir trabalhar sem fones de ouvido é a mesma coisa que ir para o front munido de um estilingue feito com cano e bexiga, tendo dois grãos de milho servindo de munição.

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Uma vida toda resumida em manhãs de segunda-feira onde não existe em mim o menor pudor em demonstrar desinteresse quando as pessoas vêm na empolgação contar como foi o fim de semana delas.

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Fins de domigo começam com a negação. A negação de que tudo que está por acontecer nos próximos cinco dias já está pré-determinado, com um mínimo espaço em branco misterioso reservado apenas para novos infortúnios - nada de novo, de novo. Seus dias não são seus. Seus dias reprisados com hora, sempre a mesma hora, para dormir, comer, sofrer, bocejar, pensar, cagar e crer que algum dia algo poderá mudar. E a insônia na madrugada quente encurtando o abençoado estado de inconscência do sono. Hoje.

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Prato do dia: 3 meses de pendências atrasadas pra serem resolvidas ontem ao molho de contínuas interrupções "urgentes".

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Quando vejo uma mina com o 50 Tons de Cinza em mãos já imagino que ela usa calcinhas com 50 tons de bege.

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Gostaria de viver em um mundo onde os gatos pudessem nos abraçar. A condescendência felina aos nossos arroubos melindrosos é quase um abraço, apesar de tudo. Mas eu gostaria de viver nesse mundo supracitado, ah, se gostaria!...

19/09/2012

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 19/09/2012
Reeditado em 19/09/2012
Código do texto: T3890833
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