Frase do poeta sergipano Santo Souza
“A poesia bate na porta, tem que abrir”. Santo Souza, poeta sergipano, 93 anos de idade. Em entrevista à emissora de TV, no dia 24 de março de 2012, e reportando-se à poesia e à inspiração.
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Um poeta sempre dialoga com outros e, desta vez, a juventude mantém um diálogo com o quase secular poeta sergipano. Os versos do poeta HERMÍLIO PINHEIRO fazem festa aos de JOSÉ de SANTO SOUZA:
VISITANTE (Hermílio P. de M. Filho)
Aberta a porta
Adentre à sala de estar
Encontrará na sala de jantar
A mesa posta
O vinho e a taça em bem cuidado esquema
Sobre um piano de cauda,um poema
E o meu olhar que diz à visitante quando esquiva-se:
- Ande, Poesia,
Sirva-se!
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E como poetas atraem poetas, KNZ torna ainda mais rica esta página com a sua interação:
FAZER POÉTICO (KNZ)
Diversas são as faces nobre poeta,
que o teu verso acabado, conforta.
A dor dissimulada, discreta,
ou a saudade que do sonho aporta.
Um dia em lágrima transborda a rima,
noutro, de primavera o teu estilo,
não importa se nada se faz acima
do instante de teu ofício, tranquilo.
De amor ou ilusão a alma satisfeita,
surge, infante, teu fruto mais doce.
Decassílabo ou livre, que importa?
Se a linha pronta de brilho enfeita
e não bastasse se mais não fosse,
somente a paz batendo em tua porta!
***José dos Santos, nasceu em 27 de janeiro de 1919. Aos 13 anos, o menino Santo Souza já falava de amor em seus poemas. José Santo Souza ilustre filho de Riachuelo um dos maiores poetas vivos do país, viveu em sua cidade natal até os 17 anos trabalhando em farmácia, e em Aracaju, ele continuou trabalhando no ramo onde aprendeu a manipular medicamentos com a mesma maestria que o conservou na função por 26 anos. Somente em 1938 ele retornou à poesia.
CANTO II
Ah, ousamos reger o mar sagrado
para onde a noite inválida se afasta
com a partitura efêmera das horas!
Treme no aquário nossas mãos. O rio
torna a mover-se, envolve nossos pés,
restaura o amor na imagem fugidia
de nossos olhos ímpios e vulgares,
e um riso antigo vem doer na bpca
da sibila cruel que nos desata
o nó da liberdade que ansiamos.
Que surpresa incontida nos impele
e faz que penetremos insubmissos
nestes vales revoltos, nestas dunas,
neste vasto silêncio encarcerado
em templos e oceanos que não vemos?
Outrora aqui tecemos com paciência
lendas heróicas, lagos, e as palavras
com que reconquistamos o segredo
da noite inicial, e construímos
com a sua tessitura a eternidade.
Aqui com nossas lágrimas regamos
chão, firmamento, rios. Dissolvemos
a luz da aurora em nossas amarguras.
E, para dissipar o espesso tédio,
dilatamos o cerco do horizonte
para além das colunas demarcadas
pelo Eterno que, agora, nos contempla
e soma o nosso esforço, esta agonia
em que nos vamos iludindo a vida
com sangue, pedra, fel e poesia.
Mas onde os nossos mares? Onde as naves
que nossas mãos domavam, contornando
suas ondas e praias, suas vozes,
a sinfonia mágica das águas,
o rodízio das noites, a cantiga dos afogados, o sorriso e o choro
das crianças perdidas, navegando
nos braços das sereias, e a tristeza
de Deus, ao perceber nosso fracasso
no mar que ele nos dera e nós perdemos?
Era vasto o domínio. Nosso olhar
limitava o destino das fronteiras
por onde a morte inútil circulava.
Calculamos o tempo e o esperdiçamos.
Fomos tardos no avanço, e cedo vimos
fugir de nossas mãos o leme, e a rota
se perdeu. Nosso canto, diluído
nas águas, já não rege o itinerário
desta sagrada luta que engendramos:
perdido o jogo, a morte nos suplanta.
de ODE ÓRFICA
BALISA
Cravar a estrela no chão
e dizer à noite: agora,
afaste-se a escuridão
que eu vou chegando com a aurora.
E fazer brotar da terra
- da terra que tudo faz –
não a treva e o ódio da guerra,
mas a luz e o amor da paz.
Que eu vim traçar nos caminhos
(invés de dor e agonia)
a rota livre dos homens
com as tintas claras do dia.
de PÁSSARO DE PEDRA e SONO
REFERÊNCIAS
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sergipe/santos_souza.html