Escatologia Facebookiana - [5]
Os dias passam voando e as horas se arrastando: águia e cobra rumo ao mesmo objetivo: o fim.
Sei lá, caralho. Pouco mais de uma hora pra definir sozinho algo que compete a cinco cabeças e minha mesa no escritório com uma pilha de coisas a serem resolvidas.
E eu aqui, no parquinho do Parque Trianon, vendo um cara dando uns tapas na bunda de uma mina de seiscentos quilos na frente das crianças.
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O lado bom das suas mazelas é que elas não são minhas.
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A gente leva a vida interpretando o fantasma do que somos.
A gente leva a vida interpretando o fantasma do que fomos.
A gente leva a vida ignorando o fantasma do que seremos.
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Ninguém é "rebelde sem causa". Não se pede pra nascer. A vida é uma imposição da vontade alheia e, portanto, passível de revolta.
Há notícias de bebês que vêm ao mundo sorrindo? Eu nunca vi ou ouvi...
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A única coisa ruim da vida é esse hiato entre o acordar e o dormir.
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O último toco do pão de alho que tive de pechinchar pra comprar com o tio do churrasco caiu no chão. Depois de um dia desses, essa é a recompensa.
Bom, de qualquer forma eu creio ter sido mais rápido do que as bactérias ao reavê-lo.
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Um alvará de soltura da existência pra chamar de meu.
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A Marisa me põe meia dúzia de moças de legging pra ficar parando a rapaziada na frente da loja do MASP, como se a catatonia que elas suscitam permitisse que algum deles se interessasse por qualquer outra coisa.
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A indescritível sensação de fazer parte de um grupo pra trabalho de faculdade que compõe 2% da nota final onde os membros escrevem "mecher" e "simplismente" com a maior naturalidade.
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Quando morrermos, iremos ao Purgatório; Lá, será aplicada uma prova só com colocação de crases. Errou? Inferno.
E o Tinhosinho será destituído do cargo por nada menos do que quem vos fala.
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Março de 2012