Um dia aprenderei a sofrer como escritor
O meu desinteresse pela escrita é tão grande que talvez um dia eu vire escritor.
Ser escritor deve ser uma grande chatice: livros para lá, livros pra cá, e o tempo voando como se nada mais existisse
Tem dias que escrever se torna uma tortura para mim, imaginem a minha cara enquanto estou digitando estas frases.
Esta semana lendo alguns prefácios de livros na Saraiva percebi o quanto ando deslocado no tempo; hoje escreve-se sobre Vampiros, Zombies, a morte do presidente X, a vingança dos Australopithecus; e eu? Escrevo sobre as inquietações do ser humano. Quem em sã consciência quer saber disso?
Quem no seu estado normal quer interpretar um texto? Ninguém, o leitor de hoje é pior que uma cabra cega. Ele não quer dar trabalho ao seu cérebro. Além disso, ele é também alérgico a textos grandes. Não me venham com aquela estória de que escrever muito é conversa fiada - essa não cola.
Ás vezes tenho a leve sensação que o leitor não gosta do escritor, ele apenas se interessa uma única vez pelos seus textos. É como se comesse algo e logo de seguida jogasse fora.
O que tem em comum os escritores clássicos e os contemporâneos? Pouco ou nada para sermos mais corretos, os clássicos escreviam com a alma, os contemporâneos escrevem com os dólares que pairam sobre suas cabeças.
Pensando bem, acho que vou deixar a arte de escrever para quem de direito, o melhor mesmo é dedicar-me á pesca.