Mais uma pedra, mais um adolescente de 15 anos, mais uma calçada, mais um caso ao acaso...
O menino olhava para o chão, como se houvesse algum vazio maior do que o que ele se encontrava. Apático!Inerte! A vida não tinha pressa, a sua vida não tinha... O movimento era brusco, contudo, sua calma era perturbadora! Quem o olhasse de longe talvez não o percebesse, misturava-se com a cinzenta e suja calçada! Subitamente ele levanta-se e começa a caminhar, seu olhar brilha, sua face pálida sorri... Seu coração dispara mais uma vez, o sangue aquece os seus poros, suas orelhas queimam, estende a sua mão e toma para si, como um tesouro inestimável, como no deserto o sedento encontra água... Ele olha para os lados e disfarçadamente dá uma leve gargalhada, sabe que está prestes a desfrutar de seu “pequeno paraíso”... Procura um lugar discreto entre a multidão, todavia, sabe que nada lhe é mais discreto do que ele mesmo, quase invisível aos transeuntes!
Pega o seu presente, ajeita-o e começa a desfrutar do mesmo... Consome-o logo ali, em uma rapidez maior do que as das pisadas rápidas que ouve...Como num estalo, o êxtase o envolve, sai perambulando pelo seu mundo sombrio, alucinações o devoram, sensações estranhas, começa a falar em alta voz palavras sem nexo, sem rumo, caminha ao ermo na rua, tenta abraçar alguém...cai ao pé de um poste, anestesiado à sua própria sorte... Mais uma pedra, mais um adolescente de 15 anos, mais uma calçada, mais um caso ao acaso...
( 23/07/2011)