"O silêncio não é a negação da palavra, como a palvra não é tampouco a negação do silêncio. Há silêncios eloqüentes como palavras vãs. É precisamente a continuação entre um estado e outro que forma a trama completa de nossa vida e espírito. É na riqueza do nosso silêncio interior que se forma a qualidade de nossas manifestações verbais. Como é na riqueza de sua repercussão, no silêncio posterior, que reside o sentido mais profundo do nosso privilégio verbal. O homem é a única criatura que fala e que também sabe dar ao silêncio o seu sentido profundo. O silêncio dos seres humanos, das pedras, das florestas, dos animais, só têm sentido para nós, seres verbais, que damos um significado positivo, poético, filosófico e religioso a este silêncio das coisas e dos seres infra-humanos. O rumor de nossas palavras só tem sentido por que nelas se reflete o mundo infinito que está para lá de sua sonoridade: o mundo dos sentimentos, das idéias e das grandes realidades." - Alceu Amoroso Lima (11/12/1893 - 14/08/1983)
Depois de ler Tristão de Ataíde, posso concluir:
Há por vezes, muito mais eloqüência em meu silêncio, do que nas vãs palavras que acabo por jogar ao vento, e, talvez esse seja o motivo das minhas demoras literárias.