O amor
“O amor que ainda não se definiu é como a melodia de um desenho incerto.
Deixa o coração a um tempo alegre e perturbado e tem o encanto fugidio e misterioso de uma música ao longe...”
Érico Veríssimo
Talvez muitos não sabem, mas esta é a definição que o autor usa para justificar o nome do seu livro, MÚSICA AO LONGE.
Quando a li pela primeira vez, ainda era jovem e não compreendi direito a definição do autor. Naquela época, eu no ceio da minha adolescência -e lá se vão uns bons pares de ano - não se tinha a sofisticação dos dias de hoje no tangente à diversão, principalmente no quesito TV, que prende muito as pessoas, se isolando até.
Nas noites das pequenas cidades do interior, a diversão que se tinha era as quermesses. E como era natural, os jovens ficarem ali num vai-e-vem entre as barraquinhas. Vez por outra, alguém oferecia uma música a outrem, e o auto-falante da igreja anunciava o oferecimento e se podia escutar em quase todos os cantos da cidade.
E eu ali sentado no alpendre daquela casa, chegado há pouco tempo para estudar naquela cidade, ouvia ao longe uma música à tocar...Às vezes o som se fazia nítido, outras vezes o vento levava o som para longe, coisa que fazia com que eu tentasse “esticar” o ouvido para trazer àquele som de volta, que acariciava minha alma. Foi nesse instante que compreendi a linda e feliz definição do autor.
Àqueles que tiveram a oportunidade de viver um pouco dessa época, com certeza devem ter uma saudosa lembrança e alguma história pra contar.
Penso que todos àqueles que fazem parte do mundo dos românticos, precisam ler alguma coisa de Érico Veríssimo, vale à pena.