O vulcão e o torcedor...

O vulcão e o torcedor...

O vulcão Puyehue entrou em tremenda erupção, no Chile.

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As cinzas que lançou na atmosfera cobriram boa parte do sul do continente americano, o que afetou ou inviabilizou a realização de transporte aéreo em boa parte da região, inclusive no Brasil, onde diversos voos estão sendo cancelados por absoluta condição de segurança.

Corte rápido para um aeroporto paulista, onde ontem, 14.06.2011, um grupo de torcedores de futebol, vestidos a caráter, promoveu um quebra-quebra do guichê de uma companhia aérea, que havia suspendido o voo para a Argentina, o que os impedia de chegar a tempo em solo argentino para acompanhar o famoso time da baixada santista.

Um verdadeiro vulcão de ignorância, verborragia e violência gratuita.

Gente desse naipe não tem o direito de comer nem capim, para não ofender ruminantes e equinos!

Mas, se sabe: esse negócio de torcida organizada e torcedor fanático é um indicativo sério de miolo mole, vadiagem, falta de sentido para a vida e, motivação ou desculpa para comportamentos reprováveis.

E nessa vagabundagem entra até gente insuspeita, que trabalha, tem trabalho lícito e família para sustentar. Mas, na hora em que põe a camisa do time e se junta a outros energúmenos, a verdadeira personalidade vem à tona. E aí, todo cuidado é pouco, pois em nome da suposta paixão, não reconhece ninguém - família e amigos, incluídos.

A caminho do estádio, vão molestando pessoas na rua, quebrando veículos do transporte público, riscando ou quebrando partes de veículos particulares, destruindo equipamentos e obras públicas, sem que ninguém lhes imponha respeito ou limites.

Na volta do estádio, a coisa é muito pior: a pretexto do sentimento de derrota, levam a violência ao paroxismo e, após se organizar em bandos, saem pelas ruas, à caça (sim, caça) de torcedores rivais, lesionando gravemente e matando os que vão encontrando pela frente - não raro, aproveitando-se da vantagem e da surpresa, atacando inocentes, como aconteceu no dia do primeiro jogo da decisão do campeonato goiano de 2011, onde um jovem (um menino, que tinha toda uma vida pela frente!), foi pego na porta da própria casa e assassinado por bandidos travestidos de torcedores de futebol, pelo simples fato de que vestia a camisa do time adversário.

Este é traço de identificação - toda torcida organizada é uma multidão de covardes, onde os indivíduos se tornam capazes de comportamentos e atos ameaçadores que jamais seriam capazes de realizar individualmente. São tipos que, em grupo, perdem a personalidade e entram num comportamento de manada, do qual decorre os acessos coletivos de fúria, ódio ou pânico correspondentes. Resumindo, regridem ao estado da selvageria, pura e simples.

Por estas e outras, é que deixei de ir a estádios de futebol, preferindo acompanhar as campanhas do meu time (Timão, ê, ô!, Timão, ê, ô!...) e os campeonatos pela televisão e Internet.

Se houvesse uma contabilidade nacional a respeito, começando nos campeonatos de várzea até os campeonatos nacionais e, especialmente uma contabilização dos mortos e feridos anualmente, talvez as autoridades e a população se sensibilizasse, pois os números são inaceitáveis e chocantes.

Ninguém fará isto - as torcidas organizadas estão associadas a grupos de políticos e criminosos (às vezes não há diferença entre uns e outros, né?) de bairro, região e, estados. Há uma espécie de cinturão de impunidade estabelecido em torno dessa gente desprezível que não parece possível de ser rompido.

Mas, esse negócio de torcida organizada e torcedor fanático é um indicativo sério de miolo mole, falta de sentido para a vida e, motivação ou desculpa para comportamentos reprováveis.

Sempre há quem leve vantagem num movimento comportamental que resulta mortes, feridos, destruição de patrimônio público e depredação de bens de propriedade particular. Mas, de certa maneira, aqueles que toleram ou se beneficiam deste estado de coisas são iguais ou piores aos manés das torcidas organizadas.

Minha única opinião sobre o assunto: as torcidas organizadas devem ser proibidas por lei. Ponto. Aí começa a paz nos estádios e eventos esportivos. O resto, é com o poder público, impondo a atuação da segurança pública.

A paixão pelo futebol e por um time de futebol é quase inexplicável, de tão forte e duradouro. É algo que está entranhado em nossa cultura. Torcer e viver a paixão por um time de futebol é algo que se encontra na esfera individual de cada um, onde ninguém entra. Manifestar esta paixão coletivamente até o nível da congregação é algo decorrente, mágico e emocionante. Outra coisa, é a organização de grupos que se comportam como um bando de selvagens ou criminosos.

Um bando de vagabundos escrotos a menos no estádio não fará a menor diferença. Um grupo de amigos ou família indo e voltando com segurança a um estádio depois de ter assistido a uma partida de futebol, faz toda a diferença, pois isto é sinal de que a sociedade e seus representantes políticos e institucionais fizeram uma escolha clara, e a civilização e a lei venceram. Ponto final.