O Problema “Meu”!
A questão é complexa. Contudo neste mundo de escolhas particulares, meios de transportes particulares, jardim particular, personal trainer, médico particular, etc.
Esta privacidade também se reflete dentro de casa, pois cada membro da família trabalha para ter seu próprio lugar, telefone próprio, televisão, carro, computador, apartamento, quarto e etc.
Contudo neste mundo de escolhas particulares, subitamente percebe-se que as pessoas se encontram desesperadamente sós.
O sociólogo Philip Staler, no livro The Pursuit of Loneliness (Em Busca da Solidão), expressou perfeitamente o estado de coisas ao escrever: “Buscamos mais e mais privacidade, e nos sentimos mais e mais alienados e sozinhos quando a conseguimos”. Competimos em vez de cooperar, rejeitamos em vez de aceitar.
Hoje o pensamento no que é “meu” retira do homem o que o faz um ser socialmente ativo, isto é, sua cumplicidade com o outro.
Este individualismo tem cerceado vários aspectos de nossa sociedade, quer seja cultural, religioso e/ou familiar.
Então somos compelidos a competir dentro do trabalho pelo “meu” espaço, pela “minha” oportunidade, pelo “meu” direito, pelo “meu” objetivo. Na verdade é uma exaltação do “ego”, somos induzidos a olhar para nós como se fossemos o único. O único que necessita de atenção, o único que está sendo pressionado, que está sofrendo, isto tem causado transtornos psicológicos terríveis.
O coletivo tem sido relegado a segundo plano, mesmo organizações que trabalham para promover a justiça social, acabam por individualizar o seu trabalho, relativizando aspectos da moral e da ética social.
Cada vez mais grupos se unem em nome desse individualismo. Parece contradição, afirmar que grupos podem ser individualistas? Todavia, nessa cultura do “individuo” pessoas se organizam para lutarem por “seus” direitos, em detrimento do coletivo social.
Na verdade vivemos hoje uma sociedade constituídas de tribos. Uma aldeia global cheia de clãs, tribos, e grupos sociais que em nada compartilham da visão de um mundo globalizado, talvez este ainda o possa ser, mas o que podemos perceber hoje são mais e mais motivos para conflitos e choques em nome de supostas diferenças, todas geradas no “meu” direito que não pode ser violado.
Luciano Costa
20 de maio de 2011