A IMAGEM DA MULHER NA MÍDIA (PERDENDO A PACIÊNCIA E O RIGOR CIENTÍFICO)

Quantos filmes pornôs você já viu que não tenham uma ceninha de lesbianismo, por mais heteros que as personagens sejam?

Aliás, quantos filmes pornôs são feitos para o público feminino heterossexual?

Quantos filmes de psicopata não apresentam a mãe do criminoso como castradora e violenta ou ausente e bêbada?

Quantas vezes a vítma de estupro das séries policiais é uma prostituta, ou está numa rua deserta tarde da noite, num estacionamento sinistro ou sozinha num bar?

Quantas vezes a personagem segura, determinada e forte não cai em lágrimas, diante do mocinho que a acusa de ser fria e infeliz por se dedicar à carreira tão ferozmente quanto ele?

Em quantos filmes românticos o mocinho se apaixona pela mocinha à primeira vista, apenas pela sua beleza, sem nem se preocupar se ela é inteligente?

Em quantos filmes, séries ou novelas, o casamento se acaba por que o protagonista não pode sustentar a esposa, que não trabalha?

Quantas protagonistas de novelas não sonham com um marido rico ou em ser famosas?

Quantos programas diurnos de TV não tem uma seção de culinária e cuidados com o lar?

Quantas protagonistas bem sucedidas profissionalmente, maduras e independentes não sentem que sua vida é incompleta?

Quantos filmes de adolescentes não apresentam o tema da primeira vez do garoto como um obstáculo a ser transposto?

Quantos filmes de adolescentes não apresentam o tema da primeira vez da garota como a escolha do seu futuro marido e amor eterno?

Quantas personagens se divorciam por que a esposa não aceita a dedicação total do marido ao seu trabalho?

Quantos pais divorciados não são mostrados como vítimas das ex-esposas vingativas e rancorosas?

Quantas personagens coadjuvantes sexualmente liberais não tratam o mocinho com desprezo, fazendo-o sofrer por preferirem os babacas do time de basquete da escola?

Quantas reportagens sobre violência sexual contra mulheres não terminam com uma lsita de dicas de segurança, inclusive, para não sair sozinha à noite?

Quantas vilãs de filmes não são frustradas sexualmente ou solteironas que ninguém quis?

Quantas professoras não são retratadas como sádicas que moram só, rodeadas por gatinhos sinistros?

Quantos filmes de ação não têm uma mocinha a ser salva?

Quantas vezes você não gritou: Burra! Ao assistir à personagem da mocinha abrir a porta para o assassino?

Quantas vezes o vilão só precisa de um pouco de amor e carinho da mocinha para se redimir e se tornar um homem exemplar?

Quantos perdedores sensíveis e inteligentes são descartados pelas personagens estonteantes em favor de um esnobe de terno que a maltrata em público e paga restaurantes caros?

Quantas vezes, ao se aprontar para um encontro romântico, a mocinha usou uma calça comprida e não um vestido preto tubinho básico ou um justinho vermelho?

Quantas filmes de amor não têm a cena do mocinho entregando um ramalhete de flores silvestres ou rosas e pedindo perdão à mocinha encrenqueira?

Quantas vezes o mocinho é mostrado totalmente bêbado, solitário ou rejeitado pela namorada, antes de transar com a mulher mais próxima, que se atira nos seus braços sem que ele faça qualquer movimento?

Quantas vezes a mocinha é mostrada totalmente lúcida, traindo o namorado, sem que ele mereça, coitado, e sem qualquer justificativa?

Porque, em filmes de ação em que o personagem principal é uma mulher, ela sempre encontra um homem que lhe tire o peso de salvar o mundo das costas?

Por que, em filmes de ação em que o personagem principal é um homem, ele continua salvando o mundo, enquanto conquista o amor da vítima?

Por que nos programas de humor, a mulher ou é belíssima, gostosona e burra, ou inteligente e horrorosa?

Por que todos os parceiros que Scully teve, além de Mulder, eram desajustados ou criminosos, enquanto ele coleciona ex-amores que até hoje o amam?

Por que um livro e filme ofensivo e degradante para qualquer mulher como "O Diário de Bridget Jones" fez sucesso fulminante mundial, inclusive entre os homens?

Por que todos os poetas malditos citam Bukowski, Kerouac, Augusto dos Anjos, Verlaine e Baudelaire, e não Emily Dickson, Aurore Dupin, Safo de Lesbos, Virgínia Wolf ou Hilda Hilst?

Eu poderia continuar por toda a vida, mas acho que já deixei claro meu ponto.

Este texto, contrariando meus princípios, é feito de generalizações, pois não tive paciência para pesquisar um a um os exemplos citados e os referidos filmes e programas que vi na infância. Sei que há excessões, mas é isso que são: excessões.

Jacqueline K
Enviado por Jacqueline K em 19/02/2011
Reeditado em 05/03/2011
Código do texto: T2801636
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